sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pronome - VOCÊ é pronome de 2ª ou 3ª pessoa? - GRANITO ou GRANIZO? - DEVE ou DEVEM? - EXPLICAR ou JUSTIFICAR? - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



VOCÊ é pronome de 2ª ou 3ª pessoa?

Carta de um leitor: “O pronome VOCÊ(S), a rigor, é usado como 3ª pessoa do singular/plural, conforme atestam as 3as. pessoas do modo imperativo. Na prática, ele funciona como 2ª pessoa, uma vez que é usado para se referir à pessoa com quem se fala e não à pessoa de quem se fala. É isto que me intriga.”

Meu caro, sinto muito, mas você vai continuar intrigado.

Você está certíssimo ao afirmar que o pronome VOCÊ faz concordância como se fosse de 3ª pessoa e que na prática funciona como se fosse de 2ª pessoa (=com quem se fala).

A explicação está na origem do pronome. VOCÊ se deriva da expressão VOSSA MERCÊ, que se transformou com o tempo até chegar ao atual VOCÊ. Isso significa que, pela sua origem, VOCÊ é um pronome de tratamento.

O problema é que todos os pronomes de tratamento (=VOSSA SENHORIA, VOSSA EXCELÊNCIA, VOSSA MAJESTADE, VOSSA SANTIDADE…) fazem a concordância de 3ª pessoa. Assim sendo, o pronome VOCÊ é como se fosse de 3ª pessoa, mas é usado em substituição ao TU (2ª pessoa = com quem se fala).

Então, não esqueça:

Tu falas e você fala (=indicativo); fala tu e fale você (=imperativo);

Tu vens e você vem (=indicativo); vem tu e venha você (=imperativo);

Tu pões e você põe (=indicativo); põe tu e ponha você (=imperativo)…

O uso do modo IMPERATIVO

Carta de uma leitora: “Tenho a lembrança de que aprendi que o imperativo afirmativo se forma do indicativo presente sem o “s” e o imperativo negativo é igual ao subjuntivo presente. Tomando um exemplo desta coluna: Advogado, mostre sua arte! Eu pensei que fosse: Advogado, mostra sua arte! MOSTRE só se a frase fosse negativa: Advogado, não mostre sua arte! Será que estou fazendo confusão?”

Nossa leitora está realmente fazendo confusão.

Quanto ao imperativo negativo, sua memória está perfeita: é totalmente derivado do presente do subjuntivo: “Advogado, não MOSTRE sua arte!”

A sua confusão está no imperativo afirmativo. A 2ª pessoa do singular (TU) realmente se forma do presente do indicativo sem o “s”: MOSTRA tu, FALA tu, LIGA tu, VEM tu, PÕE tu…

O problema é que você esqueceu que a 3ª pessoa (VOCÊ) vem do presente do subjuntivo: MOSTRE você, FALE você, LIGUE você, VENHA você, PONHA você…

Quanto à frase “Advogado, MOSTRA sua arte!”, o que a norma culta condena é a mistura de pessoas: MOSTRA (tu = 2ª pessoa) e SUA (3ª pessoa). Haveria duas soluções: “Advogado, MOSTRE (você) SUA arte!” ou “Advogado, MOSTRA (tu) TUA arte!”



GRANITO ou GRANIZO?

Alguns leitores dizem ter lido num bom jornal: “Em cidades como La Plata, na Argentina, chegou a cair chuva de GRANITO.”

Meus leitores têm razão. É um erro indesculpável.

Eu sei que a rivalidade com os nossos irmãos argentinos é muito grande, mas não a esse ponto. Chuva de GRANITO é demais. Provavelmente a cidade de La Plata estaria totalmente destruída.

Aviso aos navegantes: a chuva é de GRANIZO.



DEVE ou DEVEM?


A dúvida é: “É a pessoa física ou jurídica a quem DEVEM ou DEVE ser pagos os benefícios garantidos no Título”?

O sujeito está no plural (=os benefícios). O verbo deve concordar no plural: “É a pessoa física ou jurídica a quem DEVEM ser pagos os benefícios garantidos no Título”.




EXPLICAR ou JUSTIFICAR?

Vejamos o que dizem alguns dicionários:

1º) Dicionário Caldas Aulete:

EXPLICAR, tornar inteligível ou claro. Justificar…;

JUSTIFICAR, demonstrar a inocência de, dar ou reconhecer por

inocente, desculpar…

2º) Dicionário Michaelis:

EXPLICAR, tornar claro ou inteligível; aclarar; explanar; fazer-se

compreender; justificar…

JUSTIFICAR, declarar justo, demonstrar ou reconhecer a inocência de; absolver; desculpar; explicar com razões plausíveis…

Pelo visto, os dois verbos até poderiam ser considerados sinônimos. Na prática, entretanto, gosto de fazer a “velha” distinção: se você quer esclarecer, explica; se você quer ser inocentado, justifica. Só assim podemos entender a tal história do “EXPLICA, mas não JUSTIFICA”, ou seja, “dá pra entender, mas não dá pra desculpar”; “esclareceu, mas não tem perdão”.

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